ALCEBÍADES E SUAS DUPLAS
CAIPIRAS
Nascido em Campo Largo (Balsa
Nova), em 1938, comecei a gostar de músicas aos 11 anos de idade. Quando o meu
pai João Albuquerque, que locava violão e cavaquinho e gostava de cantar e
dançar fandango. Aprendi com ele tocar cavaquinho e mais tarde quando ele
faleceu em 1951, eu aprendi tocar violão. E aos 17 anos, também comecei cantar
com os amigos, entre eles o Sertãozinho (João G. Poleto). Como o Sertãozinho
não conseguiu aprender tocar violão ou viola, convidei o amigo
"Tucho" que mais tarde eu dei o pseudônimo de "caxambú" p/ acompanhar-nos
nas cantoria. Nessa época a gente cantava nos aniversários dos amigos que
gostava de música caipira e onde havia alguma reunião na casa de outros
cantores (violeiros), como o Ângelo (Sertanejo) da dupla Rei Caboclo & Sertanejo,
o ilário de saudosa memória e outros.
Em 1958, quando a dupla Nho
Belarmino & Gabriela estiveram animando uma festa de Igreja no Bugre,
alguém falou p/ eles que tinha ali na região uma duplinha, que poderia se
apresentar no seu progama de auditório da Rádio Guairacá em Curitiba. Fomos
falar com o Nhô Belarmino e ele disse p/ nos ir naquela próxima semana. E
depois que nos cantemos p/ ele ouvir aceitou de nos cantar em seu programa.
Fizemos várias apresentações, juntamente com outras duplas, como: Pavãozinho
& Marinho, Ze Barreiro & Barreirinho e outros. Antes em 1955/56 eu
fiquei conhecendo a famosa dupla Belarmino & Gabriela, numa festa de Igreja
no Bugre. Nessa ocasião, também se apresentaram juntamente com eles, Cedrinho
& Sereno e o violeiro Militão. Não esqueço daquela música "Linda Curitibana"
sucesso na época interpretado pela dupla Cedrinho e Sereno e também por Belarmino
e Gabriela. A música Lida Curitibana ficou marcado na minha memoria.
Ainda em 1958, conhecemos
Joaozinho & Lindinha "Os Brotinhos do Norte" como eram chamados.
O tio do Sertãozinho, Juca Poleta de saudosa memória, que morava em Rolândia na
época, convidou a dupla de irmãos Joaozinho e Lindinha p/ vir animar uma festa
na Igreja no Bugre. Ficaram alguns dias na região e eles nos convidaram p/
participar de seus programas de rádio na Rádio Nacional de Rolândia. De maio a
outubro daquele ano, estivemos acompanhando a dupla nas suas apresentações pela
redondeza de Rolândia, nos sítios e também nas Rádios. Nesse período havia
shows com políticos, como Mário de Paula que foi patrocinador das duplas e
trios e cantores sertanejos durante sua campanha. Nessas nossas andanças por
Rolândia e outras cidades próximas, conhecemos outras duplas como Minguito
& Tininho ou Paulistano e Humorista "Nho Pinga". Também tivemos oportunidade
de conhecer pessoalmente a famosa duplas Campanha & Cuiabano e Video &
Vádio num dos programas da Rádio Nacional de Rolândia. Como o nosso candidato
não foi eleito e acabou o patrocínio das duplas, nós viemos embora e a dupla se
desfez.
Em 1959, eu vim morar em Curitiba
e fiquei conhecendo o Gildinho, um catarinense de Campos Novos, que tocava
violão e sanfona e também cantava, resolvemos formar uma dupla: Catiero e
Gildinho. Fizemos algumas apresentações no Programa Zé Paioça na Rádio Clube a B2,
e se apresentemos também na Rádio Tingui, Cultura e a última apresentação foi
na Rádio Cambijú de Araucária. No fim de 1959 a dupla se desfez.
Depois eu vim morar e trabalhar
na Casa do Estudante Universitário. Aqui em 1968, veio morar na casa o então acadêmico
de engenharia química Alípio Cardoso da cidade da Lapa. Um dia passando próximo
do seu quarto vi ele dedilhando um velho violão de pinho. Cheguei p/ ouvir e já
começamos a conversar e fazer amizade. Desse dia por diante começamos a tocar
violão junto e cantar. E assim surgiu a dupla: Alcebíades & Alípio. Nos
cantava somente aqui na casa nos nossos quartos e outros quartos dos estudantes
que gostavam de músicas caipira, como Zé Leonardo que fez a declamação nas
músicas "Castigo Cabocla Tereza" e na poesia "A Voz das
Coisas".
Em uma das poucas vezes que
cantemos em outro lugar foi na colônia São João na Lapa, terra natal do Alípio.
O período que a dupla durou foi de 1968 a 1971. Nesse tempo eu tinha um pequeno
gravador Philips e aproveitei p/ gravar todas as músicas quando nos cantava.
Depois o Alípio saiu da Casa, formou em engenheiro químico, casou-se e foi
morar no Boqueirão. Esporadicamente nos cantava alguma moda. A última vez que
cantamos antes da sua morte em 1998, foi em 1985 em sua casa. As modas gravadas
em fita magnética nesse dia, foi "Paineira Velha", "Boiadeiro
Errante" e "O Menino da Porteira". Gravemos em torno de 35
músicas, que depois no ano de 2000 foi passado p/ CD. Alípio, não chegou ouvir
as músicas gravadas nos CDs, pois infelizmente ele faleceu em fevereiro de
1998.
Fatos pitorescos e
outros que ocorreram durante a formação das duplas
Na primeira apresentação da dupla
Catiero & Sertãozinho no programa do Nho Belarmino e Nha Gabriela. Como o
Sertãozinho não sabia tocar violão, eu levei o amigo "Tucho" de
saudosa memória, que dei o pseudônimo de "Caxambú". Eu falei para ele
que quando eu e Sertãozinho falasse o boa noite do Catiero e o boa noite do
Serãozinho, ele desse seu boa noite do "Caxambú". Para nosso espanto quando
nos estavamos cantando o segundo verso da música, foi que ele se alembrou de
dizer o boa noite do Caxambú! O auditório caiu em gargalhada e depois que terminou
a música, nos corremos p/ o corredor da Rádio onde ficava as duplas que iriam
se apresentar em seguida, também caímos na gargalhada.
Ainda no Programa do Nho
Belarmino e Gabriela na Rádio Guairacá, aconteceu um fato interessante. Nos
estávamos cantando, quando o locutor da Rádio fez um sinal e afastou nos do
microfone p/ anunciar em edição extraordinária, que naquele momento havia caído
um avião de passageiro, próximo ao aeroporto Afonso Pena em São José dos
Pinhais, com várias vítimas inclusive políticos entre eles Nereu Ramos. Não foi
possível terminar o progama. Pois a Rádio passou transmitir o desastre do
avião.
O segundo fato pitoresco
aconteceu com a dupla Catireiro & Gildinho. Foi num casamento em
Mandirituba lá no meio do matão, onde nos fomos cantar e tocar p/ o baile do
casório. O Gildinho também era sanfoneiro e assim eu acompahei no violão e mais
um caboclo da região num pandeirinho. O noivo muito caipirão depois do jantar
foi jogar truco numa sala ao lado do salão de baile. O meu parceiro como era
muito mulherengo, chamou a dama da noiva e disse p/ ela chamar a noiva para
dançar com ele. E foi o que aconteceu. O noivo lá num canto jogando baralho, e
o Gildinho, dançou quase a noite inteira com a noiva do cara. Até parecia que
ele era o noivo.
O último fato pitoresco foi com a
dupla Alcebíades & Alípio, lá na Colônia São João na Lapa, numa fogueira de
São João. Como não havia luz elétrica, e para cantar muito próximo da fogueira
não era possível, devido o calor e muita fumaça. Nos não sabia as letras das
músicas, o jeito foi apelar p/ dois caboclos da localidade arrumar dois lampeão
a querozene, e ficar cada um de um lado e do outro lado segurando os lampeões,
p/ que nos pudéssemos poder cantar. Era necessário a gente ler os livrinhos das
modinhas. E assim foi possível fazer a contoria p/ animar o pessoal.
Alcebíades.